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Teclar demais no celular pode causar "WhatsAppinite"
STEFANIE SILVEIRA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
07/04/2014 03h30
Uma mulher de 34 anos
recebeu o diagnóstico de 'WhatsAppinite', inflamação nos polegares e punhos
pelo uso excessivo do smartphone e do aplicativo de mensagens de texto
WhatsApp. O caso foi descrito na revista de medicina "The Lancet" por
uma médica da Espanha.
A paciente chegou ao
hospital com fortes dores nas mãos e relatou que, na véspera de Natal, ficou
trabalhando, por isso no dia seguinte passou cerca de seis horas trocando
mensagens de boas festas.
O movimento contínuo
e repetitivo com os polegares causou a 'WhatsAppinite'. O tratamento prescrito
foi abstinência total do telefone, além de anti-inflamatórios.
A inflamação nos
músculos da região da mão e antebraços pelo uso de dispositivos tecnológicos
não é nova. Na década de 1990, médicos relataram a 'Nintendinite', ou 'Nintendo
thumb', diagnosticada em usuários constantes de videogames. Nos anos 2000, veio
a 'BlackBerry thumb' e a 'Tendinite de SMS', que ocorriam nos donos dos
primeiros celulares.
Segundo o ortopedista
Mateus Saito, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP, a
'WhatsAppinite' é mais comum do que se imagina e o número de pessoas atingidas
cresce diariamente.
"Muitos
profissionais tentam transformar o smartphone num escritório portátil, mas
esses aparelhos não estão adaptados a um uso tão constante e repetido."
Saito ressalta que
uma das formas de evitar problemas é utilizar smartphones e tablets para
consumir informação e não para produzir textos longos.
"A interface
desses aparelhos ainda precisa melhorar. Não dá para substituir um computador
quando se quer saúde para as mãos."
O fisioterapeuta
Rodrigo Peres diz que, para usuários constantes de dispositivos móveis, é
importante fortalecer os músculos.
"Exercícios
localizados e fisioterapia ajudam a reduzir as dores."
Outras dicas são
alternar as posições de uso e usar compressas geladas para amenizar o processo
inflamatório.
O reumatologista José
Ribamar Moreno, especialista em dor, recomenda que, caso seja necessário teclar
por mais de 45 minutos, sejam feitos intervalos de 15 minutos. Segundo ele, há
fatores que podem gerar mais risco de desenvolver tendinite.
"Gravidez,
obesidade, estresse, tabagismo e sedentarismo são fatores de risco. É
importante não somar fatores."
O médico ainda
ressalta a importância do diagnóstico de "WhatsAppinite", que ligou a
dor ao uso de um dispositivo específico.
"O interessante
do diagnóstico é que a autora conseguiu fazer a relação direta do uso no
WhatsApp e do quadro que apareceu logo em seguida. Foram seis horas diretas de
uso do app, um fator que desencadeou a tendinite."
Apesar do problema, a
paciente diagnosticada com "WhatsAppinite" não cumpriu a indicação
médica e voltou a enviar mensagens pelo aplicativo na véspera de Ano Novo.
Filipe
Rocha/Editoria de Arte/Folhapres
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