Sequência didática para leitura e produção de texto , gênero conto 6ºA e 6º B- EF - Professora Juraci Venancio/Língua
Portuguesa
Lygia Fagundes Telles
Lygia
Fagundes Telles (1923) é uma escritora brasileira. Romancista e
contista, é a grande representante do movimento pós-modernismo. É membro
da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da
Academia de Ciências de Lisboa. O estilo de Lygia Fagundes Telles é
caracterizado por representar o universo urbano e por explorar de forma
intimista a psicologia feminina.
Lygia Fagundes Telles (1923)
nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923. Filha de Durval de
Azevedo Fagundes, advogado, passou sua infância em várias cidades do
interior, onde seu pai era promotor. Sua mãe, Maria do Rosário Silva
Jardim de Moura era pianista. Seu interesse por literatura começou na
adolescência. Com 15 anos publicou seu primeiro livro, "Porão e
Sobrado". Formou-se em Direito e Educação Física, na Universidade de São
Paulo, porém seu interesse maior era mesmo a literatura.
Tornou-se a terceira mulher eleita para a Academia
Brasileira de Letras. Em 1987, foi eleita para a Academia das Ciências
de Lisboa.
Entre os muitos prêmios que recebeu, destacam-se o
Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, em 1949; o Prêmio
do Instituto Nacional do Livro, em 1958; o Prêmio Jabuti, da Câmara
Brasileira do Livro, por "Verão no Aquário", em 1965; o Prêmio Coelho
Neto da Academia Brasileira de Letras, em 1973; o Prêmio Jabuti da
Câmara Brasileira do livro, com a obra "As Meninas", em 1974; o Prêmio
Jabuti com a obra "Invenção e Memória", em 2001; e o Prêmio Camões
recebido no dia 13 de outubro de 2005, em Porto, Portugal.
Em 2016
e aos 92 anos de idade, Lygia Fagundes Telles tornou-se a primeira
mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura.
Biruta
Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava com
dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus
bracinhos finos.
-
Biruta, eh, Biruta! - chamou sem se voltar.
O cachorro saiu
de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e a outra
completamente caída.
-
Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha - disse Alonso pousando a
bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a
lavar os pratos.
Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente a cabeça ora para
a direita, ora para a esquerda, como se quisesse apreender melhor as palavras
do seu dono. A orelha caída ergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda
e ereta. Entre elas, formaram-se dois vincos, próprios de uma testa franzida do
esforço de meditação.
-
Leduína disse que você entrou no quarto dela - começou o menino num tom brando.
- E subiu em cima da cama e focinhou as cobertas e mordeu uma carteirinha de
couro que ela deixou lá. A carteira era meio velha e ela não ligou muito. Mas
se fosse uma carteira nova, Biruta! Se fosse uma carteira nova! Me diga agora o
que é que ia acontecer se ela fosse uma carteira nova!? Leduína te dava uma
surra e eu não podia fazer nada, como daquela outra vez que você arrebentou a
franja da cortina, lembra? Você se lembra muito bem, sim senhor, não precisa
fazer essa cara de inocente!...
Biruta deitou-se, enfiou o focinho entre as patas e baixou a orelha. Agora,
ambas as orelhas estavam no mesmo nível, murchas, as pontas quase tocando o
chão. Seu olhar interrogativo parecia perguntar:
"Mas o que foi que eu fiz, Alonso? Não me lembro de nada..."
-
Lembra sim senhor! E não adianta ficar aí com essa cara de doente, que não
acredito, ouviu? Ouviu, Biruta?! - repetiu Alonso lavando furiosamente os
pratos. Com um gesto irritado, arregaçou as mangas que já escorregavam sobre os
pulsos finos. Sacudiu as mãos cheias de espuma. Tinha as mãos de velho
-
Alonso, anda ligeiro com essa louça! - gritou Leduína, aparecendo por um
momento na janela da cozinha. - Já está escurecendo, tenho que sair!
-
Já vou indo - respondeu o menino enquanto removia a água da boca. Voltou-se
para o cachorro. E seu rostinho pálido se confrangeu de tristeza. Por que
Biruta não se emendava, por que? Por que razão não se esforçava um pouco para
ser merlhorzinho? Dona Zulu já andava impaciente. Leduína também. Birtura fez
isso, Biruta fez aquilo...
Lembrou-se do dia em que o cachorro entrou na geladeira e tirou de lá a carne.
Leduína ficou desesperada, vinham visitas para o jantar, precisava encher os
pastéis, "Alonso, você não viu onde deixei a carne?" Ele estremeceu.
Biruta! Disfarçadamente, foi à garagem no fundo do quintal, onde dormia com o
cachorro num velho colchão metido num ângulo de parede. Biruta estava lá
deitado bem em cima do travesseiro, com a posta de carne entre as patas,
comendo tranquilamente. Alonso arrancou-lhe a carne, escondeu-a dentro da
camisa e voltou à cozinha.
Deteve-se na porta ao ouvir Leduína queixar-se à dona Zulu que a carne
desaparecera, aproximava-se a hora do jantar e o açougue já estava fechado,
"o que é que eu faço, dona Zulu?"
Ambas estavam na sala. Podia entrever a patroa a escovar freneticamente os
cabelos. Ele então tirou a carne de dentro da camisa, ajeitou o papel já todo
roto que a envolvia e entrou com a posta na mão
-
Está aqui Leduína.
-
Mas falta um pedaço!
-
Esse pedaço eu tirei pra mim. Eu estava com vontade de comer um bife e
aproveitei quando você foi na quitanda.
-
Mas por que você escondeu o resto? - perguntou a patroa, aproximando-se
-
Por que fiquei com medo.
Tinha bem vivo na memória a dor que sentira nas mãos corajosamente abertas para
os golpes da escova. Lágrimas saltaram-lhe dos olhos. Os dedos foram ficando
roxos, mas ela continuava batendo com aquele mesmo vigor obstinado com que
escovara os cabelos, batendo, batendo, como se não pudesse parar mais.
-
Atrevido! Ainda te devolvo pro asilo, seu ladrãzinho!
Quando ele voltou à garagem, Biruta já estava lá, as duas orelhas caídas, o
focinho entre as patas, piscando, piscando os olhinhos ternos. "Biruta,
Biruta, apanhei por sua causa, mas não faz mal."
Biruta então ganiu sentidamente. Lambeu-lhe as lágrimas. Lambeu-lhe as mãos.
Isso tinha acontecido há duas semanas. E agora Biruta mordera a carteirinha de
Leduína. E se fosse a carteira de dona Zulu?
-
Hem, Biruta?! E se fosse a carteira de dona Zulu?
Já
desinteressado, Biruta mascava uma folha seca.
-
Por que você não arrebenta minhas coisas? - prosseguiu o menino elevando a voz.
- Você sabe que tem todas as minhas coisas pra morder, não sabe? Pois agora não
te dou presente de Natal, está acabado. você vai ver se ganha alguma coisa.
Você vai ver!...
Girou sobre os calcanhares, dando as costas ao cachorro. Resmungou ainda
enquanto empilhava a louça na bacia. Em seguida, calou-se, esperando qualquer
reação por parte do cachorro. Como a reação tardasse, lançou-lhe um olhar
furtivo. Biruta dormia profundamente.
Alonso então sorriu. Biruta era como uma criança. Por que não entendiam isso?
Não fazia nada por mal, queria só brincar... Por que dona Zulu tinha tanta
raiva dele? Ele só queria brincar, como as crianças. Por que dona Zulu tinha
tanta raiva de crianças?
Uma
expressão desolada amarfanhou o rostinho do menino. "Por que dona Zulu tem
que ser assim? O doutor é bom, quer dizer, nunca se importou nem comigo nem com
você, é como se a gente não existisse, Leduína tem aquele jeitão dela, mas duas
vezes já me protegeu. Só dona Zulu não entende que você é que nem uma
criancinha. Ah Biruta, Biruta, cresça logo, pelo amor de Deus! Cresça logo e
fique um cachorro sossegado, com bastante pêlo e as duas orelhas de pé! Você
vai ficar lindo quando crescer, Biruta, eu sei que vai!"
-
Alonso! - Era a voz de Leduína. - Deixe de falar sozinho e traga logo essa
bacia. Já está quase noite, menino.
-
Chega de dormir, seu vagabundo! - disse Alonso espargindo água no focinho do
cachorro.
Biruta abriu os olhos, bocejou com um ganido e levantou-se, estirando as patas
dianteiras, num longo espreguiçamento.
O
menino equilibrou penosamente a bacia na cabeça. Biruta segiu-o aos pulos,
mordendo-lhe os tornozelos, dependurando-se com os dentes na barra do seu
avental.
-
Aproveita, seu bandidinho! - riu-se Alonso. - Aproveita que eu estou com a mão
ocupada, aproveita!
Assim que colocou a bacia na mesa, ele inclinou-se para agarrar o cachorro. Mas
Biruta esquivou-se, latindo. O menino vergou o corpo sacudido pelo riso.
-
Aí, Leduína que o Biruta judiou de mim!...
A empregada
pôs-se guardar rapidamente a louça. Estendeu-lhe uma caçarola com batatas:
-
Olhaí para o seu jantar. Tem ainda arroz e carne no forno.
-
Mas só eu vou jantar? - surpreendeu-se Alonso ajeitando a caçarola no colo.
-
Hoje é dia de Natal, menino. Eles vão jantar fora, eu também tenho a minha
festa. Você vai jantar sozinho.
Alonso inclinou-se. E espiou apreensivo para debaixo do fogão. Dois olhinhos
brilharam no escuro:
Biruta estava lá. Alonso suspirou. Era bom quando Biruta resolvia se sentar!
Melhor ainda quando dormia. Tinha então a certeza de que não estava acontecendo
nada. A trégua. Voltou-se para Leduína.
- O
que o seu filho vai ganhar?
-
Um cavalinho - disse a mulher. A voz suavizou. - Quando ele acordar amanhã, vai
encontrar o cavalinho dentro do sapato dele. Vivia me atormentado que queria um
cavalinho, que queria um cavalinho...
Alonso pegou uma batata cozida, morna ainda. Fechou-a nas mãos arroxeadas.
-
Lá no asilo, no Natal, apareciam umas moços com uns saquinhos de balas e
roupas. Tinha uma que já me conhecia, me dava sempre dois pacotinhos em lugar
de um. A madrinha. Um dia, me deu sapato, um casaquinho de malha e uma camisa.
-
Por que ela não ficou com você?
-
Ela disse uma vez que ia me levar, ela disse. Depois, não sei por que ela não
apareceu mais...
Deixou cair na caçarola a batata já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas
em torno a vasilha.
Apertou os olos. Deles,
irradiou-se para todo o rosto uma expressão dura. Dois anos seguidos esperou
por ela. Pois não prometera levá-lo? Não prometera? Nem lhe sabia o nome, não
sabia nada a seu respeito, era apenas "a madrinha". Inutilmente a
procurava entre as moças que apareciam no fim do ano com os pacotes de
presentes. Inutilmente cantava mais alto do que todos no fim da festa, quando
então se reunia os meninos na capela. Ah, se ele pudesse ouvi-lo!
"... O bom Jesus é quem nos traz
A mensagem de amor e alegria"...
- Também, é uma responsabilidae tirar crianças pra criar! - disse Leduína
desamarrando o avental - Já chega os que a gente tem.
Alonso baixou o olhar. E de repente sua fisionomia iluminou-se. Puxou o
cachorro pelo rabo.
-
Eh Biruta! Está com fome, Biruta? Seu vagabundo! Vagabundo!... Sabe Leduína,
Biruta também vai ganhar um presente que está escondido lá debaixo do meu
travesseiro. Com aquele dinheiriho que você me deu, lembra. Comprei uma bola de
borracha, uma beleza de bola! Agora ele não vai precisar mais morder suas
coisas, tem a bolinha só pra isso. Ele não vai mais mexer em nada, sabe,
Leduína?
-
Hoje cedo ele não esteve no quarto de dona Zulu? O menino empalideceu.
-
Só se foi na hora que eu fui lavar o automóvel... Por que Leduína? Por que? Que
foi que aconteceu?
Ela
hesitou. E encolheu os ombros.
-
Nada. Perguntei à toa.
A
porta abriu-se bruscamente e a patroa apareceu. Alonso encolheu-se um pouco.
Sondou a fisionomia da mulher. Mas ela estava sorridente. O menino sorriu também.
-
Ainda não foi pra sua festa, Leduína? - perguntou a moça num tom afável.
Abotoava os punhos do vestido de renda. - Pensei que você já tivesse saído... -
E antes que a empregada respondesse, ela voltou-se para Alonso: - Então?
preparando seu jantarzinho?
O
menino baixou a cabeça. Quando ela lhe falava assim mansamente, ele não sabia o
que dizer.
- O
Biruta está limpo, não está? - Prosseguiu a mulher, inclinando-se para fazer
uma carícia na cabeça do cochorro. Biruta baixou as orelhas, ganiu dolorido e
escondeu-se debaixo do fogão.
Alonso tentou encobrir-lhe a fuga:
-
Biruta, Biruta! Cachorro mais bobo, deu agora de se esconder... - Voltou-se
para a patroa. E sorriu desculpando-se: - Até de mim ele se esconde,
A
mulher pousou a mão no ombro do menino:
-
Vou numa festa onde tem um menininho assim do seu tamanho. Ele adora cachorros.
Então me lembrei de levar o Biruta emprestado só por esta noite. O pequeno está
doente, vai ficar radiante, o pobrezinho. Você empresta só por hoje, não
empresta? O automóvel já está na porta. Ponha ele lá que já estamos de saída.
O
rosto do menino resplandeceu. Mas então era isso?!... Dona Zulu pedindo o
Biruta emprestado, precisando do Biruta! abriu a boca para dizer-lhe que sim,
que o Biruta estava limpinho e que ficaria contente de emprestá-lo ao menino
doente. Mas sem dar-lhe tempo de responder, a mulher saiu apressadamente da
cozinha.
-
Viu Biruta? Você vai numa festa! - exclamou. - Numa festa de crianças, com
doces, com tudo! Numa festa, seu sem-vergonha! - Repetiu, beijando o focinho do
cachorro. - Mas, pelo amor de Deus, tenha juizo, nada de desordens! Se você se
comportar, amanhã cedinho te dou uma coisa. Vou te esperar acordado, hem? Tem
um presente no seu sapato... - acrescentou num sussurro, com a boca encostada
na orelha do cachorro. Apertou-lhe a pata.
-
Te espero acordado, Biru... Mas não demore muito!
O
patrão já estava na direção do carro. Alonso aproximou-se.
- O
Biruta, doutor
O
homem voltou-se ligeiramente. Baixou os olhos.
-
Está bem, está bem. Deixe ele aí atrás.
Alonso ainda beijou o focinho do cachorro. Em seguida, fez-lhe uma última
carícia, colocou-o no assento do automóvel e afastou-se correndo.
-
Biruta vai adorar a festa! - exclamou assim que entrou na cozinha - E lá tem
doces, tem crianças, ele não quer outra coisa! - Fez uma pausa. Sentou-se. -
Hoje festa em toda parte, não, Leduína?
A
mulher já se preparava para sair.
-
Decerto.
Alonso pôs-se a mastigar pensativamente.
- Foi
hoje que Nossa Senhora fugiu no burrinho?
-
Não, menino. Foi hoje que Jesus nasceu. Depois então é que aquele rei manda
prender os três.
Alonso
concentrou-se:
-
Sabe, Leduína, se algum rei malvado quisesse matar o Biruta, eu me escondia com
ele no meio do mato e ficava morando lá a vida inteira, só nós dois! Riu-se
metendo uma batata na boca. E de repente ficou sério, ouvindo o ruído do carro
que já saia. - Dona Zulu estava linda, não?:
-
Estava.
- E
tão boazinha. Você não achou que hoje ela estava boazinha?
-
Estava, estava muito boazinha...
-
Por que você está rindo?
-
Nada - respondeu ela pegando a sacola. Dirigiu-se à porta. Mas antes parecia
querer dizer alguma coisa de desagradável e por isso hesitava, contraindo a
boca.
Alonso observou-a. E julgou advinhar o que a preocupava.
-
Sabe, Leduína. Você não precisa dizer pra dona Zulu que ele mordeu sua
carteirinha, eu já falei com ele, já surrei ele. Não vai fazer isso nunca, eu
prometo que não.
A
mulher voltou-se para o menino. Pela primeira vez, encarou-o. Vacilou ainda um
instante. Decidiu-se:
-
Olha aqui. se eles gostam de enganar os outros, eu não gosto, entendeu? Ela
mentiu pra você, Biruta não vai mais voltar.
-
Não vai o quê - perguntou Alonso pondo a caçarola em cima da mesa. Engoliu com
dificuldade o pedaço de batata que ainda tinha na boca. Levantou-se - Não vai o
quê, Leduína?
-
Não vai mais voltar. Hoje cedo ele foi no quarto dela e rasgou um pé de meia
que estava no chão. Ela ficou daquele jeito. Mas não te disse nada e agora de
tardinha, enquanto você lavava a louça, escutei a conversa dela com o doutor:
que não queria mais esse vira-lata, que ele tinha que ir embora hoje mesmo, e
mais isso. e mais aquilo... o doutor pediu pra ela esperar, que amanhã dava um
jeito, você ia sentir muito, hoje era Natal... Não adiantou. Vão soltar o
cachorro bem longe daqui e depois vão pra festa. Amanhã ela vinha dizer que o
cachorro fugiu da casa do tal menino. Mas eu não gosto dessa história de
enganar os outros, não gosto. É melhor que você fique sabendo desde já, o
Biruta não vai mais voltar.
Alonso fixou na mulher o olhar inexpressivo. Abiu a boca. A voz era um sopro.
-
Não?...
Ela
pertubou-se.
-
Que gente também! - explodiu. Bateu desajeitadamente no ombro do menino. - Não
se importe, não, filho. Vai, vai jantar.
Ele
deixou cair os braços ao longo do corpo. E arrastando os pés, num andar de
velho, foi saindo para o quintal. Dirigiu-se à garagem. A porta de ferro estava
erguida.
A luz fria do
luar chegava até aborda do colchão desmantelado.
Alonso travou os olhos brilhantes num pedaço de osso roído, meio encoberto sob
um rasgão do lençol. Ajoelhou-se. Estendeu a mão tateante. Tirou de baixo do
travesseio uma bola de borracha.
- Biruta
- chamou baixinho - Biruta... - E desta vez só os lábio se moveram e não saiu
som algum.
Muito tempo ele ficou ali ajoelhado, segurando a bola. Depois apertou-a
fortemente contra o coração.
____________
Fonte: De conto em conto.
São Paulo: Ática, 2004
Sobre Biruta-
Lygia Fagundes Telles
.
Após
realizar a leitura compartilhada do texto, faça a atividade a seguir::
1)
Faça um
comentário sobre as personagens:
a) Biruta
b) Alonso
c) Leduína
d) Dona Zulu
2)
Por que
Alonso compara Biruta a uma “criancinha”?
3)
Em que
data comemorativa se passa a narrativa? Comente para onde cada personagem do
conto irá nesta ocasião.
4)
Durante
uma conversa com Leduína, Alonso comenta sobre a madrinha que tivera no asilo.
Comente esta passagem.
5)
Alonso
pode ser considerado um menino feliz? Justifique sua resposta com base nas
passagens do texto.
6)
No conto,
Alonso fora enganado por duas vezes. Faça um comentário sobre cada uma destas
passagens.
7)
Explique
a importância de Biruta na vida de Alonso.
8)
Como era
a vida de Alonso? O que ele fazia? Como ele se divertia?
9)
O
desfecho do conto enfatiza a solidão pela qual a personagem fora submetida
durante toda a vida. Comente esta afirmação.
10) Qual é
o foco narrativo do conto?
11) ) O
que achou do conto? Justifique sua resposta.
12) Após
responder as questões sobre a interpretação do conto, transforme - o em uma HQ
(História em Quadrinhos):
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