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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Alunos do Ensino Fundamental e Médio assistem ao filme "O escaravelho do diabo"- adaptação do best-seller infanto juvenil de Lúcia Machado de Almeida.



 



Sempre em aulas agendadas com as turmas, o Professor Sérgio - Português-Literatura, trabalha com os alunos filmes e adaptações de obras literárias, sempre enfatizando a importância de  ler a obra e depois fazer um contraponto com a linguagem cinematográfica.
O livro "O escaravelho do diabo"- da grande autora Lúcia Machado de Almeida, da sempre e amada Série Vaga-Lume- da Editora Ática fez fãs por gerações. Segue uma importante e interessante entrevista sobre o filme, do site G1.

14/04/2016 07h49 - Atualizado em 15/04/2016 10h33
'O escaravelho do diabo' é filme de serial killer para teens, diz diretor
Fizemos isso de forma que não os choque ou agrida, afirma Carlo Milani.
Ele adaptou obra da Série Vaga-Lume para jovens da 'geração z'.
Cauê MuraroDo G1, em São Paulo

"Ah, que legal, vão adaptar o livro 'O escaravelho do diabo' para o cinema! Tomara que não façam merda..." O diretor Carlo Milani ri ao se lembrar da mensagem deixada em uma seção de comentários qualquer. "Mas aquilo não parou de piscar na minha cabeça", reconhece o cineasta estreante ao citar o comentarista bem cético.

A adaptação do best-seller infantojuvenil da Série Vaga-Lume publicado em 1972 por Lúcia Machado de Almeida (1910-2005), "O escaravelho do diabo" estreia nesta quinta-feira (14).
Com o suspense voltado a adolescentes de 12 e 13 anos (e apostando na "memória afetiva” dos adultos), Milani quer inaugurar um filão. "Que o filme tenha um bom desempenho de bilheteria para alavancar esse movimento da literatura infantojuvenil brasileira dentro dos nossos cinemas", afirma ao G1 por telefone.
Filho do ator e humorista Francisco Milani (1936-2005), Carlo Milani dirigiu novelas como "Bang Bang" (2005), "América" (2005) e "Além do horizonte" (2013). Trabalhou ainda em “Malhação” (2006) e nos reality shows “The Voice Brasil”, “Fama” e “Big Brother Brasil”.
Aos 43 anos, Milani tinha 31 quando procurou a família da autora de "O escaravelho do diabo" para obter direitos de filmagem. Deu-se bem na abordagem e garantiu um acerto sem ter de pagar nada. Mais difícil talvez seja convencer os fãs puristas da trama original. Nela, o protagonista era um jovem estudante de medicina que perdia o irmão e partia atrás de um serial killer de ruivos.
No filme, tudo se mantém. Ou quase: o protagonista virou um pré-adolescente de 13 anos (que joga videogame, usa tablet, internet). Milani acha que fez certo ao retratar "a Geração Z". Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

G1 – Você já disse que seu maior medo era ‘fazer merda’. Como assim?
Carlo Milani –
(Risos) Não era nem medo. É que li um post nos comentários sobre o trailer, logo que lançou, de um cara falando isto: “Ah, que legal, vão adaptar o livro. Tomara que não façam merda”. Achei engraçado.
G1 – O que seria, afinal, ‘fazer merda’?
Carlo Milani –
 Errar a mão seria, primeiro, tornar o filme inadequado ao público a que se destina o livro, que está na faixa de 12, 13 anos. Esse é o target do filme. Era um compromisso com a família. Não tinha sentido adaptar esse livro se não fosse dessa forma. Mas é uma linha tênue, difícil: contar uma história de uma série de assassinatos – que tem serial killer no centro do roteiro – sem que tornar o filme impróprio. Nesse aspecto, deu certo, pois a gente está com classificação indicativa de 12 anos.
E o segundo aspecto envolve a responsabilidade histórica de adaptar uma obra que é um clássico da nossa literatura, né? Tanta gente comentando sobre isso, a repercussão é tão grande em torno do pouco ou de nenhum aproveitamento da nossa literatura infantojuvenil em adaptações para o cinema. Carregamos essa bandeira de sermos desbravadores e de estarmos inaugurando uma fase – e espero que seja o primeiro de muitos.
O público anseia por isso, pede muito os livros do Pedro Bandeira, outros da coleção Vaga-Lume, “O mistério do cinco estrelas”, “A ilha perdida”, “O rapto do garoto de ouro”, “Um cadáver ouve rádio”...  A gente tem uma oportunidade de despertar a atenção dos produtores, dos diretores, dos patrocinadores e do público. De mostrar: “Pô, vamos prestigiar o cinema nacional, né?”.
G1 – Você já feito o diagnóstico de que falta investir neste filão?
Carlo Milani –
 Sem dúvida, [o filme] nasceu também como uma oportunidade mercado. Porque é lei de oferta e demanda: você tem um público carente de produção de qualidade nacional. E existe uma matéria-prima cravada no imaginário das pessoas, na memória afetiva de quatro, cinco gerações.
É difícil competir no cinema, é difícil o tamanho do orçamento que a gente tem, o P&A [verba para publicidade e lançamento] não é do tamanho que a gente gostaria de ter, apesar de toda a boa vontade do distribuidor. Mas vamos sair com 300 cópias, um número significativo. É um número grande. Para um filme de gênero, então... 
G1 – Qual a expectativa de público?
Carlo Milani –
 É difícil falar em expectativa de público. É um momento econômico complicado, a frequência de público nos cinemas está baixa. Mas acho que essa união do incentivo dos professores nas escolas, a mobilização dos alunos com pais e professores que leram o livro quando eram adolescentes, isso tudo pode gerar, sim, um boca a boca e um buzz para que “O escaravelho...” tenha um bom desempenho na bilheteria. Claro que isso é muito importante para que outros livros tenham o mesmo destino.
G1 – Qual a crítica mais o incomodaria?
Carlo Milani –
 Não costumo ficar impactado com crítica. Tem os rótulos, né? A coisa do diretor de TV e tal. Mas, ao mesmo tempo que vejo rótulo, vejo fundamento no raciocínio. São linguagens diferentes, veículos diferentes. É natural que um diretor com formação de TV como eu carregue alguns vícios, alguns artifícios ali daquela linguagem. Estou há 26 anos fazendo TV, e este é o meu primeiro filme. A gente dedicou tempo e raciocínio para debater esse tema. Foi foco de atenção. Mas não chega a ser uma preocupação, não. Acho que a crítica é bem-vinda. Tirando o que a gente tem de troll, de hater, que ficam alimentando um sentimento ruim, estou para qualquer assunto. Se quiser debater, se quiser falar do filme mesmo que seja criticando...
Quer ver uma crítica que me incomoda às vezes e que não é para mim diretamente? É com relação ao elenco, quando fala "ah, o elenco da TV Globo" ou "a Globo Filmes que impõe". Não impõe nada. O mercado é que é assim: tem realmente que ter atores que chamem público. Esse mesmo comentarista que diz que você escala sempre as mesmas pessoas, se você bota um filme sem ninguém conhecido, ele não vai ao cinema, entendeu? E as pessoas têm que ir para o cinema.
Legal também que as comédias façam 3 milhões, 5 milhões de espectadores. Porque está formando público, criando hábito de as pessoas irem ao cinema. Lá, elas veem os trailers dos outros filmes, se acostumam a esse movimento de sair de suas casas. E a gente pode trafegar por todos os gêneros, e com qualidade, fazendo sucesso.
G1 – O seu público alvo é o adolescente de 12 ou 13 anos. Mas pensou em algo para atrair também as pessoas mais velhas, além do apelo à nostalgia?
Carlo Milani –
 O filme não tem uma pegada "Pequenos espiões", não é feito com uma levada infantil, como "Os batutinhas” ou "O menino maluquinho". É mais para o juvenil e para o adulto. Tem uma pegada mais madura um pouco, o conceito para filmar, concepção de personagem, tom de interpretação... O grande desafio era como fazer um filme que contemplasse o “graaande” público criado pelo livro, um público que está aí na faixa dos 50, 55 anos de idade. Uma homenagem ao que está na memória afetiva.
Na sessão dos professores em São Paulo, tinha uma professora de 77 anos, uma senhora que leu "O escaravelho" na revista "O Cruzeiro" em 1953! Ela usou depois o livro nas suas turmas como professora e agora estava sentada no cinema. Essa é uma história bonita. Vai até além do resultado do próprio filme.
Então, é, sim, um filme que também pode ser usado como ferramenta didática junto com o livro.
G1 – No livro, o protagonista era um jovem estudante de medicina que perdia o irmão mais novo assassinado. No livro, você inverte a idade, agora o protagonista é o garoto de 13 anos que perde o irmão mais velho. Por que mudar?
Carlo Milani –
 Abrir o filme com um menino de 12 ou 13 anos sendo assassinado seria muito duro. Essa era a idade do personagem assassinado no livro. Ao mesmo tempo, a gente julgou que seria muito mais forte a identificação do público do filme – nosso target primário – se o protagonista tivesse a mesma idade. Além disso, seria inverossímil, no dias de hoje, um jovem adulto participando da investigação, como era no livro. Seria pueril. 
Já para um menino de 13 anos, da geração Z, criado e nascido já dentro dessa tecnologia, com esses gagets totalmente inseridos e absorvidos dentro da sua rotina, a participação dele na investigação é totalmente pertinente e verossímil.
G1 – Se preocupou em atenuar o impacto das cenas assustadoras do filme?
Carlo Milani –
 Em todas as mortes mostradas no filme, tem uma preocupação grande em proteger a criança e o pré-adolescente. Nos planos de câmera, as mortes estão sempre expostas de forma indireta. Todas as escolhas são em função de criar uma estética adequada dentro desse desafio de contar uma história de serial  killer para pré-adolescentes. Fazer isso de uma forma que não os choque e que não os agrida, para que haja entretenimento e alguns pontos de reflexão. Levantamos questões que não se aprofundam mas estão presentes no filme, como TDA [Transtorno de Déficit de Atenção], bullying, Síndrome de Levi...

G1 – O filme tem referências como o Hannibal de ‘O silêncio dos inocentes’, ‘Seven’, ‘Sobre meninos e lobos’ e ‘Os pássaros’, do Hitchcock. Por que especificamente essas?
Carlo Milani –
 O “Sobre meninos e lobos”, por ser um evento no passado de três amigos e que acaba sendo determinante no desenvolvimento da vida desses três indivíduos. Eles têm um acerto de contas no futuro.
Do Hannibal, é tem uma referência estética, na a escarificação [cicatrizes] das costas do assassino, e por ser um dos maiores clássicos de serial killer da história do cinema.
De “Os pássaros”, é uma sequência de cortes em uma cena de morte e uma leve inspiração da trilha incidental corajosa, presente, sem medo de ousar e de acentuar o gênero do suspense.
Outras duas referências muito legais são o “Operação Big Hero” (pela perda do irmão no início, aquele menino precisando superar a perda para seguir em frente) e o “Up – Altas aventuras” (pelo encontro muito, muito bacana entre o garotinho e o senhor).
G1 –Lembra de quando leu ‘O escaravelho do diabo’ pela primeira vez?
Carlo Milani –
 Eu tinha de 12 para 13 anos – hoje estou com 43. Foi o primeiro livro que realmente li inteiro, de uma vez só. Se não me engano, li em dois, três dias. Aquela história sempre ficou muito marcada na memória. Depois, quando tinha 31 anos, cheguei em casa e tinha uma edição novinha em cima da mesa. Era da minha filha, que estava lendo na escola. Dali, parti para tentar os direitos de adaptação e não parei mais até agora.
G1 – Fez todos os filhos lerem ‘O escaravelho’?
Carlo Milani –
 Tenho quatro filhos. As duas mais velhas leram para a escola, elas têm hoje 24 e 25 anos. Ainda tenho outra filha de 18 anos, que está fazendo quase que uma assessoria de mídias digitais para mim (risos). Ela posta tudo que sai, compartilha, escreve, está amarradona. E tenho o filho pequeno, de nove anos, que morre de medo de “O escaravelho do diabo”. Tem medo até do trailer (risos).





 

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