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sexta-feira, 18 de março de 2016

Alunos da 1ª série C- Ensino Médio começam as atividades da Olimpíada de Língua Portuguesa - 5ª Edição com leitura de crônica de Luis Fernando Veríssimo.


Prof.Sérgio contou com a ajuda da aluna Isabela que leu a crônica: Regininha e os três dias do condor- da obra "O melhor das comédias da vida privada"- do grande escritor Luis Fernando Veríssimo.





















Unindo a boa vontade de ensinar e de aprender, o Professor Sérgio Luiz de Mello, começou a sua participação da 5ª Edição da Olimpíada de Língua Portuguesa- Escrevendo o Futuro, com os alunos da 1ª série C- Ensino Médio com as orientações do Caderno do Professor e com uma conceituada obra literária "O melhor das comédias da vida privada"- de Luis Fernando Veríssimo.
Na aula de 16 de março, a aluna Isabela ajudou o professor ao fazer a leitura da crônica "Regininha e os três dias do condor". 
O texto ressalta a questão do adultério praticado por um cidadão de 40 ano, mas que acaba perdoado pela mulher, no entanto, fica lembrado por todos pelo infrutífero caso amoroso.
Confira logo abaixo o texto e... boa leitura!!
E viva o conhecimento!!
Abração!!
FAMÍLIA ROQUE BASTOS
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Regininha e os três dias do condor
Luis Fernando Verissimo

Nenhum homem com mais de 40 está livre de aparecer uma Regininha em sua vida. Aconteceu com o Dr. Arnon. O Veiga, que normalmente atendia no balcão, tinha ido tomar um café e o Dr. Arnon, apesar de ser chefe da repartição, se vira obrigado a atender a moça. Ela se atrapalhara no preenchimento do formulário e o Dr. Arnon se vira obrigado a dar a volta no balcão, postar-se atrás dela e guiar sua mão pelo labirinto burocrático, sentindo o perfume da sua nuca. É sabido que depois dos 40 os homens ficam indefesos contra perfume de nuca.
Durante os três dias seguintes o Dr. Arnon não apareceu em casa e nem telefonou. Quando apareceu foi para contar tudo e dizer "Aconteceu. Pronto". A mulher que fizesse o que quisesse. SE decidisse expulsá-lo de casa, ele iria. Se decidisse aceitá-lo de volta, ele voltava. A Regininha fora uma loucura passageira. Um acesso. Isso: um acesso de três dias.
A mulher aceitou-o de volta e a família voltou à rotina. Mas na primeira vez que reclamou de alguma coisa dentro de casa, o Dr. Arnon ouviu o desafio da mulher:
- E a Regininha?
E dali em diante, toda vez que ameaçava uma queixa de qualquer membro da família, ouvia a mesma resposta. Até nas coisas mais banais.
- A sopa está com pouco sal.
- E a Regininha?
No outro dia o Dr. Arnon estava tentando dormir a sesta e começou uma algazarra no corredor do seu andar. Abriu a porta e viu os garotos do 604 chutando uma bola contra as paredes e as portas.
- Vocês estão incomodando todo o prédio! - disse o Dr. Arnon.
E o garoto menor respondeu, com sua voz fina:
- Ah, é? E a Regininha?
O Dr. Arnon fechou a porta, voltou para o sofá e tentou dormir, mesmo com o barulho. Sem saber quanto tempo passaria até que a Regininha fosse esquecida. Talvez anos, talvez décadas. Talvez nunca esquecessem, e a Regininha fosse o único assunto no seu velório. Talvez a Regininha reinasse na sua posteridade. Talvez a Regininha fosse a referência da sua vida. O Dr. Arnon dormiu, resignado. E sorriu enquanto dormia, sonhando com os três dias.
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