Veja
o que pode tirar pontos em redação do Enem sobre intolerância religiosa
Falar só de intolerância sem apontar caminhos
e manter discurso proselitista estão entre os erros que podem resultar em uma
nota baixa na redação do Enem 2016.
Por Vanessa Fajardo e Ana Carolina Moreno, G1
06/11/2016
15h10 Atualizado há 5 horas
Quando a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aborda um tema
com o qual os candidatos já têm contato próximo ou que já foi trabalhado nas
salas de aula, um dos cuidados que os estudantes precisam ter para garantir uma
nota alta é manter a objetividade para não fugir ao tema ou quebrar alguma regra. É o caso do tema "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”,
cobrado na edição 2016 do exame do MEC.
O G1 ouviu professoras de redação do Rio de Janeiro,
de São Paulo e de Campinas (SP), que listaram dicas e estratégias para não
perder pontos na prova de redação do Enem 2016.
Além disso, a colunista do G1, Andrea Ramal,
produziu uma redação modelo sobre o tema do Enem 2016.
Nas redes sociais, internautas se dividiram entre
elogios ao assunto e o apontamento da polêmica que ele pode criar entre os
adeptos de diferentes credos.
Confira as principais dicas abaixo:
Não focar nos 'caminhos' de combate à
intolerância
Quando os candidatos possuem uma grande bagagem em relação a um tema de
redação, um dos "perigos" na hora de redigir o texto
argumentativo-dissertativo é entregar aos examinadores exatamente o que o Enem
pediu.
A professora Carla Garcia, do Rio de Janeiro, que mantém no YouTube o
canal Enem em curso, dá a dica inicial: prestar muita atenção ao tema exato da
prova. "É importante ressaltar que o texto deverá focar nas medidas
viáveis para combater a intolerância, 'os caminhos' apontados no tema, e não
apenas no fenômeno em si mesmo."
Saray Azenha, professora de redação da Oficina do Estudante, de Campinas
(SP), lembra que o aluno não pode discorrer apenas sobre o que é intolerância
religiosa, já que o tema pede um texto sobre os caminhos para o combate do
problema. “Se a discussão ficar apenas em cima de intolerância pode configurar
fuga ao tema. Esse é um grande perigo.”
Fazer proselitismo e não se manter neutro
Saray espera que os candidatos usem os direitos humanos como proposta de
intervenção e defendam a aceitação de integrantes de todas as religiões nos
mesmos espaços sociais. “O aluno não pode defender o próprio credo.”
Maria Aparecida Custódio, professora do laboratório de redação do Curso
e Colégio Objetivo, em São Paulo, afirma que o candidato "não pode ser
radical, fazer proselitismo e defender determinada religião. Tem que defender o
respeito e a tolerância."
Segundo ela, o estudante "pode incorrer em risco se se posicionar
religiosamente ou justificar que algumas religiões representam uma afronta às
outras, ou, de alguma maneira, condenar alguns ritos religiosos, favorecendo o
ponto de vista dele. Ele tem que apostar sempre na liberdade e no
respeito."
Ficar só na superfície do tema
A professora da Oficina do Estudante avalia o tema como bom, mas
acredita que exige que o aluno tenha uma base de conhecimento sociológica e
repertório de leitura de mundo. Ela lembra que assim como no primeiro dia de
provas, que houve ênfase nas perguntas de sociologia e filosofia, o fato se
contrapõe à reforma do ensino médio que prevê que tais disciplinas deixem de
ser obrigatórias.
Para a colunista do G1, Andrea Ramal, o
tema vai fazer com que muitos candidatos mostrem o domínio da cultura geral. “O
aluno terá de mostrar que na verdade o conflito religioso não tem razão só na
religião, há uma questão econômica por trás. É preciso avaliar o conflito de
maneira mais ampla e entender os interesses.”
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