ALUNOS DAS 1ª e 2ª Séries -EM
GÊNERO DOCUMENTÁRIO
Assista ao documentário, clicando no link:https://www.youtube.com/watch?v=naYnoLis1CI
Assista ao documentário, clicando no link:https://www.youtube.com/watch?v=naYnoLis1CI
Leia abaixo a descrição e a análise desse documentário:
Observação:
Nessa análise, por vezes, utilizamos uma linguagem técnica. O intuito é apontar
quais são os efeitos causados pelo uso de certos recursos da linguagem audiovisual.
Os termos técnicos estão assinalados. Acreditamos que, ao assistir o vídeo e ler a
análise, não será difícil entender do que se trata. Mas, para saber a definição exata
do(s) termo(s).
O curta-metragem Pescaria de Merda faz uma denúncia de cunho ambiental sobre o
lixo descartado no Rio Pinheiros, na cidade de São Paulo. Ele inicia com a tela
escura e o som de chuva. Da tela preta surge uma luz no canto superior esquerdo.
No momento que troveja conseguimos perceber que a luz vem de um poste de rua.
Visualizamos a luz do poste através de um vidro molhado. Lê-se o título Pescaria de
Merda enquanto luzes desfocadas e em movimento são mostradas em segundo
plano. Misturado ao som da chuva, o barulho de cidade. Uma câmera em movimento
focaliza o que parece ser uma galeria pluvial. Uma voz diz algo, pouco
compreensível. Na sequência , alternam-se imagens em primeiro plano da
água da chuva escorrendo por calçadas e bueiros e, em plano médio , imagens
desfocadas de lixo nas calçadas. Ao barulho da chuva se mistura um emaranhado
de sons que remetem à atmosfera caótica da cidade. Num trecho seguinte, São
Paulo é filmada em plano geral e um recurso de linguagem aplicado às imagens
provoca a sensação de aceleração do tempo, o chamado “time-lapse”. Amanhece. A
imagem de alguns prédios aparece refletida numa superfície opaca de rio. A câmera
capta o sobrevoo de uma garça com a cidade ao fundo. Ouve-se a ave grasnir. A
montagem alterna imagens de uma garça, de um cavalo e de uma vaca com a
da cidade. Num determinado momento um grupo vestido de amarelo é avistado em
plano geral caminhando num viaduto enquanto os carros passam. Depois, a câmera
já está próxima do grupo, filmando-os num travelling frontal . Carros na pista
abaixo do viaduto são filmados num ângulo estranho. O grupo de amarelo anda
na contramão dos carros. Uma câmera subjetiva mostra os pés de um dos
integrantes do grupo. Na sequência, planos distintos se alternam: a cidade
filmada ao longe, o grupo que caminha, porcos comendo num descampado. O grupo
é filmado ora por uma câmera mais afastada, ora por uma mais próxima. Mais uma
vez uma câmera subjetiva mostra os pés de um dos integrantes caminhando. O
grupo chega às margens do rio. De início, vemos a vegetação tomando a superfície
da água; depois, garrafas e outros objetos aparecem boiando. As imagens mostram
esses objetos/lixo e as pessoas do grupo se organizando para pescar. Enquanto os
objetos/lixo são mostrados em primeiro plano, as pessoas do grupo são avistadas
em plano médio. O grupo começa a pescar. Algumas cenas da pescaria. Um
integrante do grupo bebe um copo de água. Essa cena não é gratuita. Evidencia
o contraste entre a transparência da água do copo e a opacidade da água do rio. Em
meio ao lixo, uma pessoa consegue pescar o que talvez um dia tenha sido a
embalagem de algum produto. A imagem de uma flor aparece na tela, mas logo se
vai. Voltamos ao rio poluído, e mais uma vez alguém pesca um objeto/lixo. Uma
montagem paralela cria conexão entre o movimento de uma retroescavadeira
que recolhe o lixo e o da vara de pescar que também fisga lixo. A câmera filma de
perto uma tubulação despejando água no rio. Imagens do rio espumante. A câmera
faz um movimento livre, meio descoordenado, e mostra o céu cortado por fios elétricos. Deixamos as margens do rio. Imagens de mãos com luvas amarelas
aparecem lavando uma série de objetos, que inferimos terem sido tirados do rio.
Essas imagens aparecem sobrepostas a outra, menos definida, mas que aparenta
ser de espuma no chão. Agora vemos imagens do entardecer e do anoitecer na
cidade. As placas de rua que indicam ser a esquina da Avenida Paulista com a Rua
da Consolação são filmadas em contra-plongée . Em seguida, do outro lado da
rua, por trás do fluxo de carros, avistamos objetos pendurados acompanhados por
uma faixa, cujos dizeres, no início, temos dificuldade de ler. Mas com algum esforço,
conseguimos decifrar: “Achados e perdidos”. O fato de filmar os objetos e a faixa de
longe reforça a dispersão do olhar do espectador, sensação similar ao descaso que
os transeuntes demonstram em relação aos objetos expostos. Só quando uma
senhora para e olha para os objetos é que conseguimos ler as palavras: “Achados
e perdidos, objetos pescados no rio Pinheiros”. A câmera passeia por outros
dizeres: “Alguns destes objetos lhe pertence?”. A pergunta interpela o espectador,
sugerindo que ele, assim como os transeuntes, é também responsável pelo estado
degradado do rio. Nesse momento, matamos a charada do filme. A pescaria ganha
novo sentido: ela existiu para que esse momento da exposição dos objetos/lixo
fosse possível. A câmera mostra vários objetos inusitados: cabeça de uma boneca
Mônica, bola, restos de embalagens, pedaço de vassoura, sapato... Uma câmera
fixa permanece filmando um amontoado de objetos/lixo enquanto a cidade se move
ao fundo. Por sob essas imagens surgem os créditos. Depois corta para novas
imagens dos realizadores, filmados um a um, com suas vestes amarelas e varas de
pescar na mão.
Percebe-se que na intenção de tornar a denúncia mais efetiva os realizadores, além
de filmarem o estado degradante do rio, resolveram fazer e filmar uma performance
que pudesse sensibilizar os transeuntes e o espectador. A esse recurso de criar
uma situação para que um filme tenha possibilidade de existir damos o nome de
“dispositivo”. Do ponto de vista da linguagem, é importante observar que os
realizadores preferem enquadrar o lixo em primeiro plano e a ação do grupo em
plano médio. Mas, quando precisam situar o ambiente, mudam para o plano geral.
Acentuam a caminhada que realizam usando uma câmera subjetiva, que mostra os
pés de alguém andando. Reforçam contrastes e similaridades através da
montagem alternada. Para completar, misturam o som ambiente com uma trilha
sonora que acentua a ideia de caos urbano. Assim, sem entrevista e sem narração
em voz off , recursos que com certeza seriam usados por uma reportagem de TV,
eles conseguem fazer a denúncia de maneira muito eficiente.
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ATIVIDADES DE LEITURA
1. Você assisti ou já assistiu a um documentário? Anote os
exemplos que surgirem para que você possa
investigá-los em aulas subsequentes.
2. Quais são as mídias que vocês assistem aos documentários mencionados? Televisão (em canais abertos ou por assinatura), cinema,
internet (YouTube, Vimeo etc.), e qual é a percepção dos documentários adquirirem propriedades distintas de
acordo com o veículo onde foram exibidos. Por
exemplo, maior ou menor credibilidade, maior ou menor
cuidado estético no tratamento das imagens, do som, da
edição etc.
3. Pesquise trechos de telejornal onde apareçam
entrevistas no estilo “povo fala”, aquelas entrevistas de
rua. Percebam como as pessoas
entrevistadas geralmente são apresentadas, não como
sujeito singular, mas como representantes de uma
categoria social (o pobre, o trabalhador, o desabrigado
etc.). O que você acha disso?
4. Assista ao curta-metragem de caráter documental, Santos -
ofício alfaiate (Dannyel Leite, Brasil, 2014, 8min36min)
disponível em: http://curtadoc.tv/curta/biografia/santos-oficio-alfaiate/ Anote no caderno a sua percepção e compreensão desse vídeo.
A FAMÍLIA ROQUE BASTOS promove mais e mais a cultura entre os seus alunos.
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