A maldição que parece estar em nosso país desde o "descobrimento" e que hoje em dia ainda vive, mas não será vitoriosa.
Preto
Amons Perilat
A savana ao vento
Me mostra uma paisagem vasta
Que se resume num momento:
Um lugar de terra casta
O homem que outrora lá vivia
Cá morre de não poder voltar
Mesmo correndo da melancolia
Sabe que não há como escapar
Vida pacata, morta, pois, sem cor
Do negro dos olhos, do preto da pele nossa
Quem dera isso não causasse dor
Não fosse maldição e benção maldosa
Nos repele de amar, impele a odiar
Só falta alguém decidir
As nossas cores mudar
Pra toda vida delas esvair
Preto maldito! Raça obscura
Assim diz o níveo, puro, bom de alma
Pra defender usa trabuco, pra proteger tortura
Fazendo sangrar dentro da alma
Se ouve o lamento que o abulgíneo pequenino solta
Sobre a pequena escura que morre preta
E com sua sujeira revolta,
E morre aos vinte, qual vivo aos oitenta
Cegos olhos do te tom nevado
Pois o sol resplandece a cima dele
E sobre o preto também tem brilhado
Por que não odeia também ele ?
Bem sabemos, meus irmãos
O povo tem a vida em cor
E protegeu, protegerá com as mãos
Mesmo aquele que lhe causou dor
Pois não somos iguais
Somos diferentes
Temos nossos ideais
E pensamentos impertinentes
Somos a cor, somos a cor
Que eles tentaram apagar
Pobres coitados, tanto ardor
Mas nunca vão nos calar
Pois somos qual vida
Que não há mais maldade
Hoje eles não tem saída
O preto faz parte da sociedade.
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A FAMÍLIA ROQUE BASTOS agradece a linda contribuição literária do grande poeta e querido aluno "Amons Perilat".
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